segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher...IV



O ano de 1993 foi bastante intenso! Estava com uma carga de atividades que parecia ser infinita e inacabável, acordava às 06h00minhs e dormia às 24h00min, de segunda a sexta, e, no sábado dormia um pouquinho mais e ia às 14h00min para o curso de informática na recém inaugurada Bit Company  (era uma franquia da original dos EUA), no centro de Taboão da Serra.
Neste mesmo ano um dos meus irmãos foi demitido da empresa em que trabalhava ( a extinta Prodesign-Meiko do Brasil), e estava em busca de uma nova atividade, de preferência que fosse autônoma e sem vínculo empregatício. Como ele já tinha larga experiência em conserto de máquinas e motores, estava inclinado a entrar neste ramo. Desde muito cedo eu já participava muito dos consertos de carros e motos que ele fazia em casa em seus finais de semana, o que me trouxera também muito conhecimento da área de mecânica ( a origem deste assunto caberá em outro momento).
Na idade em que me encontrava, assim como todo adolescente, a vida parecia ser eterna e tudo parecia ser desafio, achava que tinha todo tempo do mundo em minhas mãos ( ledo engano!).
Eu estava indo muito bem no escritório de contabilidade, o outro office-boy estava para sair e o contador precisava de um novo candidato ao posto, e eu, mais do que depressa, citei o meu amigo como uma boa opção. A resposta foi imediata:
“-Traga-o aqui para eu poder conhecê-lo, dependendo do resultado, elo poderá assumir”, disse o Sr. Cândido ( este contador era o fiel escudeiro do contador mais velho, meu patrão, o Sr. Dorival e cuidava de assuntos diversos, cuja importância não requeria a atenção de seu mestre).
Foi feito! Na semana seguinte fiz as apresentações e iniciamos o treinamento indo para a JUCESP ( Junta Comercial de SP), na Avenida Angélica. De lá passamos por diversos bairros de São Paulo, inclusive o Grajaú. Foram uns três ou quatro dias de saídas, quando o contador nos chamou e disse que o Boy anterior, Jairo, mudou de idéia e queria permanecer no emprego. Neste dia me senti traído, mas tinha que seguir pois a vida não espera!

Ele teria que procurar um pouco mais!

Vendo meu esforço e interesse nos assuntos contábeis, recebi a proposta de “tocar” inicialmente dez empresas clientes do escritório, fazendo todo o acompanhamento rotineiro, sob supervisão do Sr. Cândido ( minha primeira proposta de promoção), o que causou um desconforto com o boy mais velho, que não havia se empenhado em estudar um pouco mais ( meu curso de informática já estava ajudando).
Neste mesmo mês ( agosto de 1993), meu irmão havia definido o que faria para ganhar a vida fora dos empregos, abriria uma oficina de motos. Ele já havia escolhido até o local para iniciar, o Jardim Pirajussara ( que mais tarde fui saber que ali era o Jardim Santa Cruz). Ele estava em busca de alguém para trabalhar com ele ( um sócio, talvez), o que daria mais coragem de encarar tal empreendimento ( a saída de empregado para autônomo é uma guinada muito brusca). Por sugestão de minha irmã mais velha ( logo abaixo dele em idade), que ressaltou o grau de confiança que ele poderia ter em mim, fui convidado ao posto de sócio, a proposta era que caso houvesse sucesso, eu participaria dele.
Em minha tietagem apaixonada pela garota, consegui dela o negativo de uma foto dela que fora tirada em seu quintal, com os cabelos lindos e esvoaçantes, de T-shirt verde e um sorriso encantador (ainda tenho esta foto!), levei até o escritório e lá perto fiz a revelação ampliada (Hi-tec para a época), e obtive dela uma dedicatória de amizade! Representava um grande prêmio para meus sentimentos por ela!
Naquele momento eu estava “tocando” quatro farmácias, três docerias e três botecos em tudo que era necessário para mantê-los em dia com o poder público.
Ou seja, eu estava engajado e bem, obrigado!
Mas a impetuosidade de adolescente mandou mais, me fazendo largar o que eu mesmo havia construído para me empenhar em um sonho alheio, talvez mais pela confiança que tinha em meu irmão (minha representação paterna), do que pelo desejo de crescer financeiramente. Naquele mês fiz algo que, visto com olhos de minha experiência atual, jamais faria, pedi demissão!
Não foi fácil, pedi opinião a Ela e a outras pessoas que confiava, ela, claro, assim como eu, não sabia até onde aquilo poderia me levar, a opinião dela era muito importante, mas como não havia como estar em minha pele, recebi com gosto a resposta dela que minha decisão sempre seria a melhor.
Do contador recebi recomendações de cuidado e uma declaração de pesar, pois ele estava pronto a me passar mais quinze empresas e me ajudar a cursar o Técnico Contábil, mas não teve jeito, assinei e comecei o mês de setembro como um desempregado em aviso prévio.
Como medalha ao mérito recebi o elogio de que ele nunca havia tido um empregado como eu!
Começava uma nova jornada, sem destino certo e sem rumo palpável!

Prosseguirei muito em breve...