quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher...V


A nova empreitada estava iniciada, as providências estavam em andamento. Já havíamos negociado o local e comprado um bocado de material para a instalação da oficina, isso paralelamente ao aviso prévio que estava cumprindo.
Claro que em minha cabeça de adolescente fervilhavam sonhos de empresário, quem sabe obter recursos financeiros para um curso superior ( naquele momento contabilidade, com certeza!), ou ainda, comprar um carro legal, ou mesmo poder comprar coisas simples que era difícil ter naquela época ( Atari, New balance ou walkman)?
Crescia a expectativa de sucesso empresarial, junto com a vontade de ficar com Ela. Minha irmã mais velha, aquela que me sugeriu encarar o projeto, estava de partida para uma também tentativa de vencer na vida, só que “beeem” mais longe do que o meu, ela foi trabalhar em Portugal com o marido dela.
Meu interesse naquele momento era poder alcançar o sucesso profissional e, quem, sabe poder mostrar à minha ídola que eu era um bom partido? Entendo hoje que isso de querer provar algo a alguém não passa de puro instinto animal (como o pavão abrindo penas coloridas para conquistar a fêmea.) e que ser é mais do que ter.
Mas tudo para mim girava em torno de poder ficar com ela (o ficar daquela época era efetivamente ficar, namorar e amadurecer um relacionamento.). Naquele ano, ela estava às voltas com o vestibular da FUVEST, tentando entrar na USP e eu, claro, sempre gostava de poder me mostrar prestativo e colaborador, me ofereci para obter o manual do candidato e pagar a taxa de inscrição para ela, na agência do Banespa ( mais uma empresa que não existe mais, foi incorporada pelo Santander), como estava ainda em aviso-prévio, continuava a circular pela cidade igual a um cachorro perdido ( aliás, cachorro perdido era o apelido dado aos office-boy naquela época), e naquela semana minha região seria a de Santo Amaro o que me faria passar bem em frente da agência Borba Gato.
Aproveitei a chance de agradá-la e no dia seguinte, já com o horário de retorno estourado e sob chuva, comprei o manual ( ainda bem que a internet chegou e hoje se faz de tudo por ela, até sexo!), me senti um herói para mim mesmo por ter conseguido aquele feito! Sentia-me com um misto de felicidade e angústia, pois sabia que se ela ingressasse na faculdade, minhas chances cairiam vertiginosamente, pois ela ficaria quase que inacessível por conta dos afazeres inerentes ao curso escolhido, qualquer que fosse ele, mas meu amor por ela superava este egoísmo.
Naquele mesmo momento, estava havendo o anúncio do show do Rei do pop, Michael Jackson no Estádio do Morumbi, e ela como uma boa fã, estava querendo ver de perto o evento e apreciar  o “moonwalker” sendo feito ao vivo(foi a única vez em que andar para trás significou andar para frente). Eu não era nenhum fã enlouquecido dele, mas a idéia de estar com ela já me deixava empolgado, por isso planejamos esse evento, precisando somente passar pela avaliação da mãe dela, o que era mais difícil do que arranjar o dinheiro para pagar o ingresso, isso considerando que o preço era Cr$ 7.400.000,00 ( isso mesmo, o valor do ingresso era sete milhões e quatrocentos mil cruzeiros), e eu ganhava Cr$ 14.000,000,00, era um grande desafio ver  BAD ou SMOOTH CRIMINAL ao vivo.
A compra do ingresso foi feita e o show  ficou marcado para 14 de outubro daquele ano, era um momento único para estar junto dela, só nós dois!
Mas o mais difícil não era ir até o estádio do Morumbi, mas convencer a mãe dela a deixá-la sair de casa sem ter hora para voltar, coisa que até então não havia acontecido, pois como dito anteriormente, ela era bastante rigorosa com as idas e vindas dos filhos (o que naquele tempo eu achava irritante, hoje compreendo e concordo).
Pois bem, depois de muita discussão com sua mãe, ela conseguiu a autorização para ver o MJ! Evidente que com expressas recomendações de cuidados e de retornar o mais cedo possível. Parecia um sonho ( para ela, ver o cantor, para mim, sair com ela). Já deu para o leitor entender que eu estava me corroendo de vontade de abrir o jogo para ela e contar que o que realmente eu sentia por ela não era a inocente amizade, mas uma paixão avassaladora! Não que a amizade dela não fosse boa, era maravilhosa! Uma pessoa de amplo conhecimento, divertida, simpática e, se eu continuar elogiando, não conseguirei concluir o texto!
Passados os dias, chegou  a data do evento, a ansiedade tomava conta... Parecia que a hora de vê-la não chegava ( nem lembrava mais de quem que iria cantar). Cheguei do trabalho e muito depressa me arrumei ( tomei até banho,rsrsrs).
Me arrumei o melhor e mais rápido que pude ( homem se arrumando: calça, camiseta, tênis e pente no cabelo, pronto!), e corri para casa dela!
E lá chegando...

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher...IV



O ano de 1993 foi bastante intenso! Estava com uma carga de atividades que parecia ser infinita e inacabável, acordava às 06h00minhs e dormia às 24h00min, de segunda a sexta, e, no sábado dormia um pouquinho mais e ia às 14h00min para o curso de informática na recém inaugurada Bit Company  (era uma franquia da original dos EUA), no centro de Taboão da Serra.
Neste mesmo ano um dos meus irmãos foi demitido da empresa em que trabalhava ( a extinta Prodesign-Meiko do Brasil), e estava em busca de uma nova atividade, de preferência que fosse autônoma e sem vínculo empregatício. Como ele já tinha larga experiência em conserto de máquinas e motores, estava inclinado a entrar neste ramo. Desde muito cedo eu já participava muito dos consertos de carros e motos que ele fazia em casa em seus finais de semana, o que me trouxera também muito conhecimento da área de mecânica ( a origem deste assunto caberá em outro momento).
Na idade em que me encontrava, assim como todo adolescente, a vida parecia ser eterna e tudo parecia ser desafio, achava que tinha todo tempo do mundo em minhas mãos ( ledo engano!).
Eu estava indo muito bem no escritório de contabilidade, o outro office-boy estava para sair e o contador precisava de um novo candidato ao posto, e eu, mais do que depressa, citei o meu amigo como uma boa opção. A resposta foi imediata:
“-Traga-o aqui para eu poder conhecê-lo, dependendo do resultado, elo poderá assumir”, disse o Sr. Cândido ( este contador era o fiel escudeiro do contador mais velho, meu patrão, o Sr. Dorival e cuidava de assuntos diversos, cuja importância não requeria a atenção de seu mestre).
Foi feito! Na semana seguinte fiz as apresentações e iniciamos o treinamento indo para a JUCESP ( Junta Comercial de SP), na Avenida Angélica. De lá passamos por diversos bairros de São Paulo, inclusive o Grajaú. Foram uns três ou quatro dias de saídas, quando o contador nos chamou e disse que o Boy anterior, Jairo, mudou de idéia e queria permanecer no emprego. Neste dia me senti traído, mas tinha que seguir pois a vida não espera!

Ele teria que procurar um pouco mais!

Vendo meu esforço e interesse nos assuntos contábeis, recebi a proposta de “tocar” inicialmente dez empresas clientes do escritório, fazendo todo o acompanhamento rotineiro, sob supervisão do Sr. Cândido ( minha primeira proposta de promoção), o que causou um desconforto com o boy mais velho, que não havia se empenhado em estudar um pouco mais ( meu curso de informática já estava ajudando).
Neste mesmo mês ( agosto de 1993), meu irmão havia definido o que faria para ganhar a vida fora dos empregos, abriria uma oficina de motos. Ele já havia escolhido até o local para iniciar, o Jardim Pirajussara ( que mais tarde fui saber que ali era o Jardim Santa Cruz). Ele estava em busca de alguém para trabalhar com ele ( um sócio, talvez), o que daria mais coragem de encarar tal empreendimento ( a saída de empregado para autônomo é uma guinada muito brusca). Por sugestão de minha irmã mais velha ( logo abaixo dele em idade), que ressaltou o grau de confiança que ele poderia ter em mim, fui convidado ao posto de sócio, a proposta era que caso houvesse sucesso, eu participaria dele.
Em minha tietagem apaixonada pela garota, consegui dela o negativo de uma foto dela que fora tirada em seu quintal, com os cabelos lindos e esvoaçantes, de T-shirt verde e um sorriso encantador (ainda tenho esta foto!), levei até o escritório e lá perto fiz a revelação ampliada (Hi-tec para a época), e obtive dela uma dedicatória de amizade! Representava um grande prêmio para meus sentimentos por ela!
Naquele momento eu estava “tocando” quatro farmácias, três docerias e três botecos em tudo que era necessário para mantê-los em dia com o poder público.
Ou seja, eu estava engajado e bem, obrigado!
Mas a impetuosidade de adolescente mandou mais, me fazendo largar o que eu mesmo havia construído para me empenhar em um sonho alheio, talvez mais pela confiança que tinha em meu irmão (minha representação paterna), do que pelo desejo de crescer financeiramente. Naquele mês fiz algo que, visto com olhos de minha experiência atual, jamais faria, pedi demissão!
Não foi fácil, pedi opinião a Ela e a outras pessoas que confiava, ela, claro, assim como eu, não sabia até onde aquilo poderia me levar, a opinião dela era muito importante, mas como não havia como estar em minha pele, recebi com gosto a resposta dela que minha decisão sempre seria a melhor.
Do contador recebi recomendações de cuidado e uma declaração de pesar, pois ele estava pronto a me passar mais quinze empresas e me ajudar a cursar o Técnico Contábil, mas não teve jeito, assinei e comecei o mês de setembro como um desempregado em aviso prévio.
Como medalha ao mérito recebi o elogio de que ele nunca havia tido um empregado como eu!
Começava uma nova jornada, sem destino certo e sem rumo palpável!

Prosseguirei muito em breve...




sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher...III



Inicia-se o ano letivo de 1993!
Aquela turma que ficou tomando sereno durante a noite para se matricular estava eufórica para ver as novidades do colegial ( estas mudanças de fase sempre assustavam os jovens, hoje me parece que nem tanto), novos professores, novos colegas de classe, nova rotina de ir e vir, novas matérias e novas encrencas.
Nos primeiros dias o ponto de ônibus do Jardim São Judas parecia um pátio de escola, o ônibus parecia uma excursão, todo mundo se conhecia! A maior expectativa era por conta de saber quem ficaria com quem em cada sala ( coisa de ginasiais).
Ao chegar na E.E.P.S.G. Laurita Ortega Mari (segundo prefeito eleito após a emancipação e primeira prefeita de Taboão da Serra de 1964 a 1968), já sentimos a diferença de ambiente, muita gente estranha ( antes eram só os moradores do bairro) e funcionários estressados ( isso no primeiro dia!)!
Era bem assustador, uma escola enorme e um ritmo agitado!
Mas vamos ao que importa: Ela!
Para minha surpresa, o grupo foi separado entres salas, me deixando um pouco distante do irmão dela, mas a convivência continuava, pois devido a nossa origem  tínhamos uma identidade em comum, o que fazia com que aquele ambiente novo e estranho unisse o grupo do São Judas sempre que podia.
Naquele momento boa parte do grupo estava se interessando em conseguir emprego e comigo não era diferente, valia qualquer coisa, office-boy, vendedor, estoquista, balconista, etc, isso serviu de motivo para marcar saídas para procurar emprego com o irmão dela.
Por vários dias caminhamos quase que do São Judas até o bairro do Ferreira vendo empresas com placas de admite-se. Não era fácil, o jovem não possui experiência e normalmente as empresas buscam isso. Minha compensação estava no fato de poder ir até a casa dela e vê-la de vez em quando.
Com estas visitas, comecei a ter mais contato com Ela, mais conversas, entrosamento, amizade, paixão e mais angustia por não conseguir falar o que sentia por ela!
Mas a vida é uma caixinha de surpresa... tanto procurei que achei trabalho!
Como eu freqüentava o açougue de um conhecido, o Sr. Manoel, ele começou a me pagar para ir até os bancos ( uma missão importante e muito mais segura que hoje em dia), depositar valores e pagar contas dele. Eu precisava passar lá todo dia para ver se tinha algo para fazer. Em conseqüência de meu bom trabalho, o outro açougueiro concorrente, o Sr. Antônio,  também me convidou para fazer o mesmo trabalho para ele, com isso quando ocorria a coincidência de saídas eu fazia uma ida aos bancos e ganhava duas!
Estou narrando este trecho da historia, pois dele surgirá um outro grande evento envolvendo nós dois ( já estou escrevendo “nós”), que emoção!
Como meu trabalho “freelancer” de office-boy estava indo bem, ele me ajudou a conquistar uma reputação idônea com os comerciantes do bairro.
Estávamos em maio de 1993, e em uma bela manhã o açougueiro Antônio me avisou que o contador dele estava precisando de funcionário e me indicou com referências. Era uma oportunidade de emprego para um jovem como eu que tinha datilografia e estava estudando escrita fiscal, a Exata Contabilidade (extinta, pois o contador morreu há alguns anos) precisava de um office-boy e eu me encaixava no perfil.
As referências passadas pelo açougueiro foram determinantes para a contratação, pois minha idade já era a do alistamento militar ( muitas empresas evitam contratar neste período dos rapazes para evitar um funcionário afastado e sem nenhuma possibilidade de demissão), mas o contador disse que não faria diferença, dada a indicação.
Comecei na semana seguinte ( 01/06/1993) e imediatamente me inscrevi num curso de informática total ( com DOS, Wordstar, Lótus 123 e Dbase III plus!!!), agora estava mais difícil ver meu amor, passava o dia todo no escritório, estudava a noite e cursava computação aos sábados!
Mas não me dei por vencido, passei a encontrar o irmão dela na porta de casa, e, enquanto o esperava, conversava com ela (que alegria, cada vez que a via me sentia o cara mais feliz do mundo), às vezes, quando voltávamos do Laurita eu também passava lá, mas a possibilidade era bem menor ( pudera, 23:00hs!).
Comecei a freqüentar aos sábados após o curso, agora com mais assuntos a conversar com a garota. Estava me envolvendo com a família, inclusive com a mãe dela, que era uma pessoa rigorosa com as pessoas que freqüentavam sua casa.
Acho que estava passando no crivo dela, pois já me recebia sem cerimônias, como um amigo da família. Hoje em dia sei o tamanho do desafio que superei aos conseguir adentrar àquele lar.

Continua...

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher... II


        Ao descobrir que a garota mais linda que já conheci era irmã de meu amigo, ficou um misto de dúvida e felicidade, dúvida por parecer que o contato com o amigo era só interesse nela ( foi comentário de diversos colegas), felicidade por tê-la encontrado de novo. Naquele momento tudo que interessava era poder ficar próximo daquela casa, conviver e vê-la sempre!

       Mas como a vida é uma caixinha de surpresas... tive que sair de circulação por um longo período devido a um tratamento médico ortopédico.

       Passei pelo momento difícil do tratamento e logo em seguida me engajei em um curso de datilografia ( isso mesmo, máquina de escrever) e outro de escrita fiscal, o que me ocupava o dia todo e ainda estudava à noite. Como naquela época o ensino médio era privilégio de poucos bairros, a linda moça estudava no centro da cidade e eu permaneci no bairro, o que impossibilitava visitar sua casa.

        Como a vida realmente passa rápido, passaram-se dois anos e meio desde que nos conhecemos, já em meados de 1992 e eu estava me encaminhando para a conclusão do ensino fundamental, era época de se preparar para o famigerado vestibulinho do ensino médio que preocupava (e assustava) a maioria dos jovens. 
       Neste alvoroço de situações ( adolescência, atividades e compromissos), algo me deixava feliz de vez em quando, a minha musa inspiradora comparecia às reuniões da escola para tratar das questões do irmão dela, substituindo sua mãe que por trabalhar o dia todo não tinha como fazê-lo, o que me dava a chance de vê-la! E eu aproveitava a situação para ficar um pouquinho mais com ela, sendo cavalheiro e acompanhando-a até próximo de sua casa ( a certa distância para evitar o risco de encontrar o pai dela), sem conseguir dizer qualquer coisa relacionada aos meus sentimentos para com ela. 

         Finalmente chegou o fim de 1992, foi o momento que vivi uma aventura bastante interessante, mas que vou resumir para não desviar o foco, para concluir o ensino fundamental ( naquela época, o Ginásio), a diretora respeitável dona Miriam Regina Sutilo Grigolon, me pediu que avisasse à minha mãe que minha certidão de nascimento estava ilegível, portanto precisaria de outra. 

        No início da década de 90 eu, como a maioria das pessoas comuns ( leia-se sem dinheiro), não tinha meios de facilitar ou contornar o mundo real, por isso precisaríamos obter de alguma difícil o novo documento para que eu me formasse. 

        Concluindo, aos dezesseis anos de idade embarquei para uma viagem de São Paulo a Belo Horizonte sozinho, sem nunca ter saído antes para tão longe! 

         Consegui o documento a duras custas e retornei agora pronto para apresentá-lo e poder me inscrever no vestibulinho e disputar a vaga para alguma boa escola de ensino médio ( antigo Colegial). 

        Para minha surpresa, bem no final de novembro foi anunciado que estava extinto o vestibulinho e que as matrículas para o colegial seriam feitas por ordem de chegada na escola escolhida! Neste momento houve uma mobilização dos amigos para procurarem escolas razoáveis para todos, só para citar alguns deles: Cleber, Saulo, Demétrio, Jones, Paulo, Marco Aurélio, Sílvia e outros mais. 

         A primeira expedição foi ao Colégio Jornalista Wandick Freitas, ao lado da prefeitura de Taboão, sem êxito, as senhas já haviam sido distribuídas, retornamos para o Antônio Inácio Maciel no Jd. Maria Rosa, idem, fomos para o Lúcia de Castro na Vila Iasi, na mesma, aí que um do grupo lembrou do Colégio Laurita Ortega Mari, no Jardim Clementino, corremos todos para lá!

          As senhas seriam entregues na manhã seguinte, quem estivesse presente seria contemplado! Não sei o que seria dos jovens de hoje se fosse necessário esse esforço para estudar, pois nos determinamos a dormir na frente da escola até amanhecer, foi o que fizemos! 

Como a violência não era nem comparável com os dias de hoje, a noite transcorreu tranquilamente e de manhã nos enfileiramos diante da escola para obter a senha! Sucesso! Cada um pegou sua senha, mas não foi o final, ficamos aguardando até às 15:00 para efetivar a matrícula. 

           Para minha felicidade, Ela veio com sua mãe para trazer os documentos de seu irmão e alguma coisa para ele comer. Adorei! Tive novamente o prazer de vê-la de perto! Linda e simpática como a conheci! E passa-se para uma nova fase... Agora inicia-se a jornada em busca do amor de minha vida!
 Continua...

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher...I

               Desde muito jovem, observo que os homens têm a péssima mania de achar que mulher é bicho de estimação. Nunca concordei pois sempre as vi como pessoas totalmente livres e independentes, portanto a relação deve ser tratada de forma igualitária, equilibrada e espontânea. Resolvi falar um pouco de relacionamento pelo viés masculino, de um homem que não se considera "macho alfa", mas homem, que deve ter carinho atenção e respeito pela sua esposa, noiva ou namorada. 

          Minha história começou bem cedo, aos 13 anos conheci minha esposa numa situação muito interessante, eu estudava na mesma sala do irmão dela e ela estudava em outra da mesma escola. Em várias ocasiões este meu amigo me falava de sua irmã, mas eu não dava muita atenção, pois quantas pessoas se ligam em irmãs de amigos? Em um dia 20 de outubro de 1989, houve uma excursão ao Playcenter, um evento espetacular e imperdível para adolescentes da década de 80, pode ser que hoje tenha mudado um pouco, mas naquela época era o máximo! 

              O dia foi muito divertido, andamos o parque todo e brincamos em quase todos os brinquedos que o dia permitia. Quase no final do dia, por conta de uma indisposição (imagine quanta porcaria que se come em um dia desses?), retornei ao ônibus mais ou menos uma hora antes do previsto, me sentei na poltrona que havia usado na vinda e descansei um pouco. Para minha surpresa, ao começar a chegar os alunos me dei conta de que era outra poltrona (uma a frente do meu lugar), pois se aproximaram duas garotas, que também ficaram surpresas pela presença de um pequeno intruso em seus lugares (eu era bem menor em estatura do que os demais jovens), mas não expressaram nenhuma reação hostil sobre minha pessoa (eram da oitava série), pelo contrário, sentaram-se junto comigo simpaticamente. 

           Feitas as apresentações, uma das garotas me atraiu a atenção por sua extrema beleza, sua voz, seu perfume (três pessoas em duas poltronas propicia uma proximidade única) enfim, parecia uma pessoa completa aos meus sentimentos e demais critérios de pessoa agradável. Ela possuía um charme único, que me encantou por completo! Durante as conversas pela Marginal Tietê, Pinheiros e região do Butantã, ela comentou que o irmão dela estava conosco na excursão dentro do segundo ônibus e que estava na quinta série também, porém, em nenhum momento falamos do nome dele, passou. 

          Foram os momentos mais agradáveis que tive em minha até então curta vida, que duraram até o ônibus parar na frente da escola estadual Professor José Maccagnan e nos despedirmos. Era uma quinta-feira, na sexta passei o dia comentando com meu amigo sobre a garota excepcionalmente linda que conheci e suas diversas qualidades, principalmente a inteligência dela! 

            Deixei bem claro para ele que se eu a apresentasse, não era para ele se interessar por ela que, na gíria daquela época era: "tirar o olho". Passadas algumas semanas, sempre aporrinhando o coitado do amigo sobre a garota (parecia o Charles Brown falando da garotinha ruiva), foi marcado pela professora de educação artística um projeto de teatro organizado em grupos, claro que ficamos juntos o meu amigo e eu, mais outros. Para o ensaio decidiu-se que faríamos na casa desse amigo, fomos, ensaiamos por uns três dias, sempre com o amigo falando que se bagunçássemos a casa a irmã pegava no pé dele (a irmã estava ausente pois era época de vestibulinho para entrada no "colegial"). 

            Passados alguns meses, já no ano de 1990, estávamos às voltas com trocas de gibis (havia um maior hábito de leitura nos adolescentes), e eu fui até a casa deste meu amigo para fazer uma permuta e, para minha surpresa quem atendeu o chamado no portão foi a garota dos sonhos! Não acreditei, perguntei o que ela fazia naquela casa e ela me disse que morava alí e que o meu amigo era o irmão mais novo dela!     

            Não houve palavras para expressar a surpresa... Quando terminamos a troca de gibis, comentei: “-Sabe a garota que lhe falei? É ela! A sua irmã! E agora?", ele respondeu: "- Se vocês se entenderem, para mim tudo bem!" Foi inacreditável! Parecia um capítulo de um conto de Bárbara Cartland ou da revista Sabrina! 
Continua...