sexta-feira, 28 de junho de 2013

Ser marido é mais do que ter uma mulher...III



Inicia-se o ano letivo de 1993!
Aquela turma que ficou tomando sereno durante a noite para se matricular estava eufórica para ver as novidades do colegial ( estas mudanças de fase sempre assustavam os jovens, hoje me parece que nem tanto), novos professores, novos colegas de classe, nova rotina de ir e vir, novas matérias e novas encrencas.
Nos primeiros dias o ponto de ônibus do Jardim São Judas parecia um pátio de escola, o ônibus parecia uma excursão, todo mundo se conhecia! A maior expectativa era por conta de saber quem ficaria com quem em cada sala ( coisa de ginasiais).
Ao chegar na E.E.P.S.G. Laurita Ortega Mari (segundo prefeito eleito após a emancipação e primeira prefeita de Taboão da Serra de 1964 a 1968), já sentimos a diferença de ambiente, muita gente estranha ( antes eram só os moradores do bairro) e funcionários estressados ( isso no primeiro dia!)!
Era bem assustador, uma escola enorme e um ritmo agitado!
Mas vamos ao que importa: Ela!
Para minha surpresa, o grupo foi separado entres salas, me deixando um pouco distante do irmão dela, mas a convivência continuava, pois devido a nossa origem  tínhamos uma identidade em comum, o que fazia com que aquele ambiente novo e estranho unisse o grupo do São Judas sempre que podia.
Naquele momento boa parte do grupo estava se interessando em conseguir emprego e comigo não era diferente, valia qualquer coisa, office-boy, vendedor, estoquista, balconista, etc, isso serviu de motivo para marcar saídas para procurar emprego com o irmão dela.
Por vários dias caminhamos quase que do São Judas até o bairro do Ferreira vendo empresas com placas de admite-se. Não era fácil, o jovem não possui experiência e normalmente as empresas buscam isso. Minha compensação estava no fato de poder ir até a casa dela e vê-la de vez em quando.
Com estas visitas, comecei a ter mais contato com Ela, mais conversas, entrosamento, amizade, paixão e mais angustia por não conseguir falar o que sentia por ela!
Mas a vida é uma caixinha de surpresa... tanto procurei que achei trabalho!
Como eu freqüentava o açougue de um conhecido, o Sr. Manoel, ele começou a me pagar para ir até os bancos ( uma missão importante e muito mais segura que hoje em dia), depositar valores e pagar contas dele. Eu precisava passar lá todo dia para ver se tinha algo para fazer. Em conseqüência de meu bom trabalho, o outro açougueiro concorrente, o Sr. Antônio,  também me convidou para fazer o mesmo trabalho para ele, com isso quando ocorria a coincidência de saídas eu fazia uma ida aos bancos e ganhava duas!
Estou narrando este trecho da historia, pois dele surgirá um outro grande evento envolvendo nós dois ( já estou escrevendo “nós”), que emoção!
Como meu trabalho “freelancer” de office-boy estava indo bem, ele me ajudou a conquistar uma reputação idônea com os comerciantes do bairro.
Estávamos em maio de 1993, e em uma bela manhã o açougueiro Antônio me avisou que o contador dele estava precisando de funcionário e me indicou com referências. Era uma oportunidade de emprego para um jovem como eu que tinha datilografia e estava estudando escrita fiscal, a Exata Contabilidade (extinta, pois o contador morreu há alguns anos) precisava de um office-boy e eu me encaixava no perfil.
As referências passadas pelo açougueiro foram determinantes para a contratação, pois minha idade já era a do alistamento militar ( muitas empresas evitam contratar neste período dos rapazes para evitar um funcionário afastado e sem nenhuma possibilidade de demissão), mas o contador disse que não faria diferença, dada a indicação.
Comecei na semana seguinte ( 01/06/1993) e imediatamente me inscrevi num curso de informática total ( com DOS, Wordstar, Lótus 123 e Dbase III plus!!!), agora estava mais difícil ver meu amor, passava o dia todo no escritório, estudava a noite e cursava computação aos sábados!
Mas não me dei por vencido, passei a encontrar o irmão dela na porta de casa, e, enquanto o esperava, conversava com ela (que alegria, cada vez que a via me sentia o cara mais feliz do mundo), às vezes, quando voltávamos do Laurita eu também passava lá, mas a possibilidade era bem menor ( pudera, 23:00hs!).
Comecei a freqüentar aos sábados após o curso, agora com mais assuntos a conversar com a garota. Estava me envolvendo com a família, inclusive com a mãe dela, que era uma pessoa rigorosa com as pessoas que freqüentavam sua casa.
Acho que estava passando no crivo dela, pois já me recebia sem cerimônias, como um amigo da família. Hoje em dia sei o tamanho do desafio que superei aos conseguir adentrar àquele lar.

Continua...

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